sábado, 8 de outubro de 2011

Trovadorismo



Contexto histórico

Trovadorismo, também conhecido como Primeira Época Medieval, é o primeiro movimento literário da língua portuguesa. Esse movimento literário compreende o período que vai, aproximadamente do século XII ao XIV. Seu surgimento ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação independente, no século XII; porém, as suas origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu características próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados.



Feudalismo

O feudalismo tem suas origens no século IV a partir das invasões germânicas (bárbaras) ao Império Romano do Ocidente (Europa).

Com a decadência e a destruição do Império Romano do Ocidente, por volta do século V d.C. (de 401 a 500), em decorrência das inúmeras invasões dos povos bárbaros e das péssimas políticas econômicas dos imperadores romanos, várias regiões da Europa passaram a apresentar baixa densidade populacional e um baixo desenvolvimento urbano.

O esfacelamento do Império Romano do Ocidente e as invasões bárbaras, ocorridas em diversas regiões da Europa, favoreceram sensivelmente as mudanças econômicas e sociais que vão sendo introduzidas e que alteraram completamente o sistema de propriedade e de produção característicos da Antiguidade principalmente na Europa Ocidental. Essas mudanças acabam revelando um novo sistema econômico, político e social que veio a se chamar Feudalismo.

Feudalismo foi um sistema político-econômico medieval descentralizado na qual o poder estava diretamente relacionado à posse da terra. A economia e fundamentalmente agrária, sem comercio e, portanto sem intercâmbio cultural. Praticamente todas as mercadorias negociadas nessa época vinham da terra e por isso, a quantidade da terra possuída era cave da fortuna e do poder, que estavam nas mãos da nobreza, representada por senhores feudais ou suseranos. Estes faziam a concessão de pequenos lotes de terra (feudo) a um servo ou vassalo, para que cultivasse em troca de proteção. Alem da obrigação de cultivar esses lotes, os vassalos tinham que pagar inúmeras taxas impostas pelos donos das terras. Essa relação de dependência entre suserano e vassalo era chamada de vassalagem.

Havia ainda uma outra classe social política e economicamente poderosa, detentora de grandes extensões de terras: O Clero.

A igreja era a maior Instituição feudal da época , determinando o modo de pensar e viver de uma sociedade fortemente marcada pela idéia de Deus como centro do universo. A própria produção artística vai estar impregnada por esse espírito teocêntrico, numa época em que religião e profano se confundem. Tanto a escultura quanto a pintura procuravam retratar cenas da vida de santos ou episódios bíblicos. A vida do povo lusitano estava voltada para os valores espirituais e a salvação da alma. Emoção e fé região as ações, determinando uma visão mais subjetiva do mundo, caracterizando certo irracionalismo. Nessa época, eram freqüentes procissões, romarias, construções de templos religiosos, missas etc.

A influência do clero evidenciou-se principalmente durante as cruzadas, expedições e batalhas de cunho religioso, entre cristãos e mulçumanos, que tinham como principal objetivo a libertação dos lugares santos, situados na palestina e venerados pelos cristãos além da expulsão dos árabes da Península Ibérica.

Poesia trovadoresca

A poesia trovadoresca era cantada na língua galego-portuguesa e acompanhada por instrumentos musicais, caracterizando-se pela tradição oral e coletiva.

As cantigas podem ser divididas em dois grandes grupos: cantigas líricas (cantigas de amor e cantigas de amigo) e cantigas satíricas (cantigas de escárnio de cantigas de maldizer). Do ponto de vista literário, as cantigas líricas o amor é a temática constante e as cantigas satíricas são as criticas sociais
Classificação das cantigas

Cantigas Líricas
- Cantigas de Amor
- Cantigas de Amigo

Cantigas Satíricas
- Cantigas de Escárnio
- Cantigas de Maldizer


A cantiga de amigo

Este tipo de cantiga, que não surgiu em Provença como as outras tiveram suas origens na Península Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor pelo amigo (isto é, namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes também em diálogo com sua mãe ou suas amigas. Há uma forte presença do campo, da natureza e de pessoas do ambiente familiar. A figura feminina que as cantigas de amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por vezes lamentando a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo próximo encontro. A linguagem e mais simples que as das cantigas de amor. Outra diferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do povo. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu amado à guerra.
Exemplo:

"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?"
(de D. Dinis)



- Características da cantiga de amigo:
- Eu lírico feminino.
- Presença de paralelismos (repetição do mesmo verso).
- Predomínio da musicalidade.
- Assunto Principal: o lamento da moça cujo namorado partiu.
- Amor natural e espontâneo.
- Amor possível.
- Ambientação popular rural ou urbana.
- Influência da tradição oral ibérica.
- Deus é o elemento mais importante do poema.
- Pouca subjetividade.

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Links para aprofundamento ou mais exemplos:
www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/trovadorismo/trovadorismo.php

www.graudez.com.br/literatura/trovadorismo.html
www.clerioborges.com.br/trovadorismo.html
www.pt.wikipedia.org/wiki/Trovadorismo